sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Gente Curiosa


O que tem dentro da gente?
Coração, osso e pulmão.
Sangue e circulação. O ar que entra o ar que sai.
O que tem fora da gente?
Pessoas como a gente, que toca a pele e ri sem parar.
Respira fundo e fecha os olhos que hoje eu quero ver a casa daqui de dentro.
O corpo é casa e também jardim.
O corpo fora e o corpo dentro, os curiosos que fiquem atentos!
Cada piscada uma novidade, cada mordida um sabor diferente.
Pisca, pisca dentro e fora.
Bate forte coração contente, ansioso pra amar mais gente.
Cada dia um pedacinho diferente, hoje eu aprendi sobre os ísquios:
- Dois ossinhos do bumbum que sustenta a gente.
Amanhã a história será diferente! Coloco os pés na cabeça e a mãos nos pés
Brinco com o meu corpo como eu quiser!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Hoje e amanhã


Hoje eu queria escrever uma poesia assim:
bonita e simples.
Hoje eu quero ser simples e criar bonito.
Amanhã penso na vida
Hoje penso na partida
Agora eu quero ser uma margarida pequenina
Amanhã um cravo espremido sorrindo.
Hoje eu quero ser o vento e o tempo
Amanhã, só amanhã eu penso.

Aeromoça


Sempre sonhei em ser aeromoça. Pensar que aquelas moças elegantes vivem viajando entre as nuvens me faz acreditar que os meus sonhos não são tão malucos e que ainda tenho chances de voar.
Elas dançam no céu, entre nuvens, chuva e trovoadas. Quem nunca quis aprender a dançar como elas? Seus movimentos, de poucas palavras, indicam a saída e a entrada, sempre muito atentas nunca esquecem de nada, nem da água e nem da sua mala. Moças gentis como essas só se encontra no céu. Eu queria ser aeromoça para dançar entre as nuvens e nunca esquecer de ser gentil, eu queria ser aeromoça para nunca mais ter que explicar porque estou sempre viajando e rodopiando por aí.

Instruções para calçar nuvens I


Não adianta se apressar!
Essa tarefa exige muita concentração e imaginação.
Para calçar nuvens é necessário escolher dois brotinhos-nuvem do seu tamanho.
Não pode ser maior nem menor, a nuvem tem que ser do tamanho perfeito para você.
O momento ideal para colher nuvens é de manhã bem cedinho.
Assim que a nuvem dos sonhos sair de cima dos seus olhos é a hora de abrir a janela para colher nuvens fresquinhas!
Cuidadosamente, com as pontas dos dedos, você puxa dois brotinhos-nuvem para dentro de casa, se estiver no jardim melhor ainda! Lugares arejados são os lugares preferidos das nuvens.
Assim que você estiver preparado, abra um buraco em cada nuvem. Não precisa ser muito grande, como a nuvem é fofinha ela da um jeitinho para abraçar gostoso todo o contorno do seu pé. Mas atenção!!! Caso você esteja com o pé sujo ou com chulé, pode esquecer de calçar as nuvens. Branquinhas e limpinhas como elas são, não gostam de receber um sujão! Mas se você estiver com o pé limpinho e cheiroso aproveite! Calçar nuvens é uma tarefa para pessoas que estão dispostas a caminhar entre os sonhos de olhos abertos, desejando sempre tirar os pés do chão.

Bonequinha de TóKio


Passa passarelando o passado
Da onde vem ninguém tem.
Escorrega no asfalto do tempo.
Coragem! Desliza nos cílios postiços.

Canta bolero em Berlim.
Da onde vem se fala japonês.
Disfarça a graça e dança outra vez!
Musicando as palavras a voz vem pra quem tem.

Pisca sobre as luzes de neon
Da onde está, já foi Rolling Stone
Corta os cabelos e vira o saquê
ToK, toK, bonequinha de TóKio,
canta mais uma vez!

(Para a minha amiga July Buly)

A Menina Monocromática



Um dia, como outro qualquer, a menina viu as cores das coisas escorrerem para o chão.

Quando se viu no espelho era pura desilusão.

A onde foi parar todas aquelas cores?

Não conformada saiu pulando para lá e para cá achando que as cores subiriam de volta pela planta do pé.

Pulou, pulou o dia inteiro. Cansada encostou no pôr-do-sol preto e branco e começou a chorar para todos os lados. Foi tanto choro que a cor que tinha ido para o chão começou a subir como uma onda do mar. A menina que sabia nadar nadou entre as cores da água. O amarelo do sol voltou e deixou quente a água até evaporar. Com os pés de laranja firmes no chão a menina pulou, pulou de alegria, queria vibrar todas as cores na mesma sintonia.